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Dança e Kinomichi

A pratica do kinomichi norteia-se em volta de: unidade corporal, espiral, tônus-equilibrado, parceiro, abertura. Explorar cada um deste eixos fora da experiência coreográfica, da mais liberdade e nova qualidade na criação. Não é por ocaso que alguns bailarinos de Pina praticaram o Kinomichi; até um virar professor de Kinomichi: Jean-Laurent Sasportes

Abertura e sorriso estão central no Kinomichi. Não tinha um dia sem que o Mestre Noro repetia "sorrir". O sorrir espalha-se no corpo todo. Com o sorriso os movimentos vivam-se com mais leveza que os bailarinos percebem.

Os movimentos em volta das espirais respeitam as cadeias anatômicas estruturando o corpo. Eles estão saudáveis, poderosos, econômicos: sustentável. Se reaproprie as cadeias é uma grande ajuda, e da uma nova liberdade.

O tônus certo sugere um eixo firme e forte, braços que flutuam: um tronco enraizado, solido e vivo, e galhos que brincam com o vento. No kinomichi se interage com parceiro com energia e muito escuta; por isso precisa estar simultaneamente firme e leve: com o tônus certo. O praticante se livra de tensões musculares desnecessários.

No Kinomichi se repete os mesmos movimentos, focando-se cada vez mais nas qualidades esquecendo aos poucos a forma. Sem a preocupação de criar, o trabalho codificado destas qualidades traz uma experiência e um aprendizagem que bailarinos já aproveitaram. 

O kinomichi ja foi procurado por grupos de Contato-improvisação.

testemunha

DOMINIQUE DUSZYNSKI (dez anos na Cie de Pina Bausch), dançarina e professora de dança (trecho do livro “La pratique du kinomichi® avec Maitre Noro de Daniel Roumanoff traduzido por Cristiana Brindeiro )

A dança é a ligação entre o céu e a terra. É tudo o que se pode pegar da terra para ir ao céu. O homem precisa se mexer, fazer passar algumas energias. Na dança atual perdemos o “mexido”. Freqüentemente são formas exteriores, nas quais não há mais sensações interiores.

No meu ensino, tento fazer as pessoas se mexerem. Não se trata somente de ocupar o espaço, mas de chegar à unidade interior, à unidade do corpo no movimento, à fluidez também, e para isso, começar da terra para ir em direção ao céu. É um trabalho que começa lento para ir mais rápido. Trata-se de ensinar as pessoas à se soltarem para que isso aconteça sozinho.  É o mais difícil de se ensinar. Não é mais técnica... é além das palavras.

Com o Kinomichi, temos uma ótica que muda. Há coisas que fazemos estando fechados. Por que não fazê-las estando abertos? É uma filosofia. A arte é uma criação. Então, isso deveria ser uma abertura. Mas a abertura não significa qualquer expressão. Na expressão pode haver neurose. A expressão serve então de purgação. Mas então, isso tem um valor universal?

O Kinomichi é para mim um complemento indispensável à dança, ao meu ensino, à minha forma de trabalhar ao que procuro na dança. O Kinomichi alimenta a minha dança. Às vezes prefiro ter uma aula de Kinomichi antes de um espetáculo do que fazer exercícios de dança. Isso me dá mais abertura, mais contato com o céu e a terra, e me permite entrar muito mais nos meus movimentos, na minha presença.

Testemunha 

JEAN GUIZERIX, dançarino estrela da Ópera de Paris

(trecho do livro “La pratique du kinomichi® avec Maitre Noro de Daniel Roumanoff traduzido por Cristiana Brindeiro )

Falar da arte do Mestre Noro e do Kinomichi, é falar da beleza de uma língua desconhecida. Um pouco como quando meu ouvido se deixa ninar com o canto de uma voz estrangeira, aqui meu olho admira o gesto nascido de um pensamento longínquo.

Sei muito pouco sobre as correntes energéticas que devem ser regidas pela idéia da espiral, assim como das partes terminais do corpo que devem deixar propagar no ar as ondas, as vibrações dinâmicas saídas dos centros interiores. Eu quero apenas ficar atento à essas noções vitais de relação entre, por exemplo, os quatro elementos e a medida do seu gesto. O Kinomichi não retira a beleza do seu exercício dessa consciência fundamental do movimento?

Mais uma vez eu me posiciono como espectador, amador, no melhor sentido da palavra, de uma técnica do corpo ao mesmo tempo cheia de surpresas e de método, como secreta e aberta em direção a uma forma de dança.

Os seres que usam seus corpos como instrumento de uma arte, isto é, os dançarinos, só têm a ser enriquecidos pela percepção dessas noções de peso, de centro, de ponto de apoio, de circulação de energia, de linhas de força e também desse prazer em desenhar no espaço a poesia desse “caminho que leva à flor da vida”.

Eu fico fascinado pela maestria de Masamichi (Mestre Noro). Sua habilidade invulnerável gera a confiança e a projeção de seu braço ou de seu olhar é uma lição de sabedoria para mim. Sou agradecido a ele por sua presença.

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