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Teatro e Kinomichi

O Kinomichi trabalha fundamento corporais importante no teatro.

Primeiro o corpo próprio do ator: equilíbrio e dinamismo. Com o kinomichi o corpo se enraíze, o corpo aprende a se economizar a estar ágil.

Segundo com um ator, o praticando do kinomichi interage com um parceiro em níveis diferentes. Pelo corpo, desenvolve-se a perceção do corpo do parceiro: tónus e dinamismo. Cada um aprende a perceber si o corpo do parceiro é tenso ou relaxado e onde as tensões ocorrem, aprende a perceber a geometria corporal do parceiro. 

Terceiro, com na dança, os praticantes de kinomichi, se coordenam no espaço com seus parceiros, acertando ritmo, distancia: movimentando-se harmoniosamente.

Quando um grupe de teatro trabalha junto o kinomichi aparece um cumplicidade coletiva no movimento.

Pode chegar num ponto de improvisação corporal individual e coletiva.

Testemunha de Michel Chiron ator e diretor teatro, estrato do livro “La Pratique du Kinomichi avec Maitre Noro” - professor da technique de Lecoq

A arte de andar

Existe uma abundante iconografia relativa a todos os estudos de detalhes aos quais muitos pintores e escultores se consagraram. Alguns se apaixonaram por mãos e por pés: Michelangelo, Leonardo da Vinci, Rodin, mas também Kyosai. Quando o Mestre Noro insiste na importância capital desse “detalhe”: os pés – o impulso a partir dos dedos, o andar – não podemos esquecer que a dança moderna

nasceu da liberação do pé, do trabalho com pé-descalço, isto é, uma nova estética e um estilo de interpretação à partir dos pés. O teatro-dança oriental já tinha codificado tudo isso há muitos séculos. Tadashi Suzuki, homem de teatro japonês contemporâneo, enfatiza, como Mestre Noro, esta arte dos pés: “A utilização dos pés é a base fundamental da interpretação teatral. São os pés que decidem a forma do corpo; o movimento dos braços e das mãos só faz adicionar um pouco mais de expressividade. A voz também, sua tonalidade e suas modulações, depende dos pés; pode-se ser um ator sem braços, sem mãos, mas certamente não se pode sê-lo sem pés. Diz-se que o teatro Nô é a arte de andar, um mundo artístico criado pelos pés”. Deve-se dizer que essas observações “poderiam não limitarem-se ao Nô”... No Kinomichi, o ritual da saudação já traduz essa exigência de toda nossa presença a partir dos pés: como se sentar... como se levantar... como andar...

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